Amigos espertinhos mas desatentos vão se assustar quando acharem que vão roubar da sua taça um gole de algum Chardonnay fino (com trocadilho) ou de um Sauvignon Blanc nervoso, pra descobrir que o vinho na sua taça não tem absolutamente nada a ver com qualquer outro vinho branco que a maioria das pessoas conhece.
Os Finos são assim, pois nascem de um jeito muito diferente, muito peculiar. Convivem por anos com uma capa de leveduras por cima do vinho, que muda completamente suas características de cor, perfumes, sabor e até mesmo textura.
O resultado é um vinho único: “Fino”, finíssimo, vibrante, refrescante. Uns mais leves, outros mais untuosos, ainda assim o estilo é o clássico dos clássicos de Jerez.
Muita gente conhece os Finos sem nem saber o que é nem de onde veio: um dos maiores clássicos dos balcões de bar, de hotel e da restauração do mundo todo é um deles, que você pode descobrir entre os vinhos da nossa Seleção abaixo.
FINO: NA TAÇA
O Fino é… bem, fino. É um vinho branco, se considerarmos o que dá pra ver só de olhar, mas duas sensações são muito marcantes:
- um toque salino, com total ausência de açúcar e de sensação doce;
- uma sensação vibrante, que lembra a da acidez.
Essas duas coisas combinadas fazem com que o Fino seja um parceiro ímpar para a comida e o perfil de sabor tão peculiar, tão diferente de outras bebidas, permite que se encaixe em pratos e ingredientes difíceis de harmonizar.
Nossa Seleção
Três vinhos com presença corrente no mercado brasileiro e mais um especial pra você procurar quando for visitar outro país.
tio pepe fino
Não foi só uma vez, nem só uma pessoa, que ao pedir uma taça de Fino ou de Jerez teve de ouvir “infelizmente não temos” enquanto via a garrafinha verde mais renomada da Andaluzia brilhando na prateleira do bar.
Tio Pepe é um verdadeiro marco da cultura de Jerez, talvez de toda a Espanha, com presença marcada ao redor de todo o mundo. A produção é, portanto, grande, mas a qualidade é impecável. Don Antonio Flores, personagem que vocês precisam conhecer, é um dos grandes Mestres de Jerez.
fino perdido 1/15
Filho de uma das mais antigas bodegas de Jerez (Sanchez Romate foi fundada em 1781), o Perdido reflete um estilo tradicional, que durante um bom tempo esteve “perdido” devido à demanda por vinhos super clarificados e límpidos.
Engarrafado com pouquíssimo tratamento, provém de uma solera de 15 barricas, que produz um vinho com influência marcada do oxigênio e idade média de 8 anos.
Seu estilo mais intenso, untuoso, poderia ser chamado por alguns de Fino Pasado ou Fino Amontillado.
inocente fino
Inocente é outro marco histórico de Jerez: talvez o único vinho da região que ao longo de cerca de 150 anos nunca deixou de ser produzido a partir do mesmo pedaço de vinhedo, com o mesmo objetivo: produzir um grande vinho.
A fermentação é espontânea e acontece nas barricas, coisas raras na região. O envelhecimento é longo, com uma média de idade de 10 anos! Também é um Fino um tanto “atípico”, com concentração e longevidade acima da média.
fino antique
A linha Antique veio e foi embora do Brasil algumas vezes, mas os vinhos permanecem em nossas memórias (e nas fotos organizadas automaticamente pelo Google).
Também é um Fino fora da curva, pois é refermentado a 17% e provém de 5 barricas que permaneceram intocadas por 5 anos. Jan Pettersen, proprietário da bodega Fernando de Castilla, diz que é um “Fino de Inverno” – pra se reconfortar em dias mais frios…