O Cream é a mistura do Brasil com o Egito: tem que ter charme pra dançar bonito.
AHEM. Desculpem. Apesar da referência hm… musical meio duvidosa, a situação é verdadeira: combinar Oloroso e Pedro Ximenez faz um vinho macio e adocicado, mas também muitas vezes extremamente sem graça, A MENOS QUE haja aí muito cuidado na produção e um charminho extra.
O cuidado é basicamente tratar de usar bases de boa qualidade.
O charminho, para muitos produtores, é não engarrafar de imediato: Envelhecer os blends por alguns anos antes de transferir para a garrafa permite que eles se juntem, se misturem, ganhem complexidade de novo.
Foi justamente a demanda gigantesca do passado por vinhos adocicados, baratos e em grande volume o que prejudicou não só a fama dos Cream, como a de toda a região de Jerez.
Há outros estilos de vinhos adoçados em Jerez e, além do Cream, os mais importantes foram o Pale Cream (base Fino com mosto de uva) e o Medium (base Amontillado com PX).
Embora seja raro, é possível encontrar Medium de boa complexidade, especialmente se houver envelhecimento prolongado.
cream: NA TAÇA
Os Cream, a priori, são o que são: alma de Oloroso, com volume, untuosidade e sabores de nozes e da madeira, mas com o toque do PX, perceptível na fruta desidratada e na doçura do vinho.
A mágica está justamente nos vinhos que são envelhecidos após o blend: os dois perfis se encaixam e se impulsionam e o vinho se torna cada vez menos doce e mais agradável.
Sem saber com o que beber seu Cream?
Nossa Seleção
Três vinhos com presença corrente no mercado brasileiro e mais um especial pra você procurar quando for visitar outro país.
FC Premium cream
Simples, bem-feitinho e saboroso, o Premium Cream da Fernando de Castilla é perfeito como ingrediente na coquetelaria, em receitas ou como taça de sobremesa sem compromisso com a carteira. 90% Palomino e 10% PX, com média de envelhecimento de 8 anos.
solera 1847 cream
O grande clássico dos Creams no Brasil, produzido pela Gonzalez Byass/Tio Pepe. Até recentemente ainda se apresentava como Oloroso Dulce, o que foi proibido pela legislação da região, mas reflete exatamente o que é o vinho: 75% é Palomino envelhecido em solera por 6 anos e depois combinado com PX e envelhecido junto por mais 2 anos.
harvey’s Bristol cream
Um pedaço de história de Jerez vive na garrafa azul, pois este foi O vinho mais vendido da região durante muito tempo e
é A ORIGEM de toda a categoria Cream.
O Bristol Cream se tornou estereótipo de Jerez na Inglaterra e em muitos países e todo apreciador da região deveria conhecê-lo, honrar a história e (rapidamente) seguir em frente. Combina uma base de Olorosos de diferentes idades com Fino, Amontillado e PX.