“Pedro” sisseck
O Dinamarquês que foi picado por jerez
O dinamarquês e produtor de vinhos Peter Sisseck, bem conhecido por fazer um dos mais caros vinhos espanhóis (Pingus) e mais recentemente comprar seu château em Bordeaux (Rocheyron), é o mais novo produtor de Jerez. E não se trata qualquer anedota como de 1º. de abril.
Em uma conversa com o consórcio dos vinhos de Jerez (@sherrywinesjerez) comentou que a região é a mais empolgante do mundo para se fazer vinhos. Chega de blábláblá e vamos com os principais momentos da conversa. Aproveite, pois não conseguiram salvar a conversa lá no IG. De nada!
“Sou um dinamarquês que chegou à Espanha há 30 anos, vindo da escola francesa de enologia. Cheguei para trabalhar em Hacienda Monasterio, que tem forte ligação com Jerez, entre 1993 e 1994. Aí tive meu contato com a região. Em 1995 comecei com Pingus mas sigo até hoje como assessor (e sócio) em Monasterio”.
“Tivemos a sorte de encontrar uma bodega à venda, o Almacenista Zamorano. Das 100 botas existentes, selecionamos 68 para iniciar nosso projeto, que já tem nome definido: Bodega San Francisco. Deixamos as botas 2 anos sem refrescar para entender as personalidades que haviam ali”.
“Meus projetos em Ribera del Duero e Bordeaux são orgânicos e biodinâmicos. Em Jerez ocorrerá o mesmo.”
“Não há zona mais interessante no mundo para se fazer vinho hoje em dia! Há história, solo e expressão únicos, além da vontade de mudar e evoluir. É o vinho mais singular que podemos encontrar, para os de crianza biológica, pois o processo oxidativo pode ser reproduzido em outras regiões. Muitas zonas vitivinícolas do mundo se balizam em Bordeaux ou Borgonha. Jerez é inimitável!”
O PROJETO JEREZ
Carlos del Rio González-Gordon pertence à família proprietária de González Byass e é sócio de Sisseck no novo empreendimento em Jerez.
“Hoje trabalhamos com dois pagos: Balbaína e Macharnudo. Em Balbaína temos um vinhedo de 8 ha. chamado Corrales, na parte mais alta de Balbaína com vinhas com 35 anos de idade. A ideia é pouco a pouco replantar todo o vinhedo com clones antigos da Palomino Fino, com peles mais grossas”. “Macharnudo produz um dos meus Finos favoritos, o Inocente, mas é um pago com 260 ha. Lá temos 2 ha.”
“A ideia é produzir apenas Finos. Desde o começo perguntava aos que trabalhavam na região por que não se fazia vinhos de vinhedos específicos em Jerez. E comentavam que a crianza biológica é tão potente que apagava a expressão do vinhedo. Nunca concordei com esta afirmação. Hoje sabemos que tanto o vinhedo de origem das uvas, quanto as leveduras que atuam na fermentação e na crianza fazem diferença”.
“Por outro lado a crianza biológica realmente é algo único. Pode-se ver algo em Tokaj e no Jura, mas Jerez é a referência para este processo. Fazer um vinho em região tão quente, com expressão tão fresca é algo mágico! E para que a flor desenvolva bem não se deve adicionar sulfitos”.